quinta-feira, 31 de julho de 2008

Ao pé da letra

Prestando atenção em uma frase na TV ontem, percebi o quanto algumas expressões se analisadas ao pé da letra nos surpreendem. Esta por ser uma expressão usada para fortalecer a suposta imagem de quem é “fiel” aos mandamentos de Deus. A frase era: “Somos uma família unida, temente a Deus”. Temente, de temer; ter medo ou também de temor, respeito. Ai então me veio às tantas conclusões de Nietzsche em “O anticristo”, (em cujo prefácio recomenda-se a não leitura aos religiosos fervorosos ou radicais e a cautela aos que acreditam na existência de Deus).
Pensando, pensando, fui percebendo outras tantas expressões usadas no dia a dia que ao pé da letra destoam da interpretação dada devido a vasta possibilidade que a língua portuguesa permite em tal interpretação: “Rogai por nós” ( assim os religiosos pedem a Deus) e “Vou te rogar uma praga”( desejar mal a alguém); excomungar, de separar, expulsar da comunhão da igreja (a um ateu isto não é ofensa alguma), “pois não” forma de receptividade negativa, entre tantas outras expressões que como disse um amigo meu recebem uma “licença lingüística”.


Num bate papo, constatamos que toda esta problemática é uma via de mão dupla: o que se quer dizer, e o que se entende, o que supõem dizer, o que supõem entender...
E o que me instigou nisto tudo?! Bem, exatamente aqueles que supõem dizer. Não saber todas as vertentes e possibilidades de interpretação de uma frase proferida é causa muitas vezes de desentendimentos, incompreensões, equívocos e principalmente contradições.
Se eu perguntar a quem diz que teme a Deus se ele tem medo de Deus, provavelmente vai negar e se contradizer. E é nesta infinitude de licenças lingüísticas, nas contradições e equívocos é que penso então em parafrasear o provérbio chinês que diz: “Temos UMA boca e DOIS ouvidos, mas nunca nos comportamos proporcionalmente.”
Paraliara: Cuidado, quem muito fala dá bom dia a cavalo!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

"Para Frasear"


Escrevi não li, procurei achei...
Fico pensando em algumas coisas óbvias, que de tão óbvias acabam quase que subestimando a lógica.Me pergunto todo tempo se as pessoas estão de fato atentas ao que dizem, ao que escrevem, até mesmo ao que pensam. Falta identidade, opinião, vocabulário.Observo que num abismo sem fim escondem seus medos, seus defeitos, suas fraquezas, sua ignorância. O achismo, a petulância, a prepotência. Dentro de alguns metros quadrados de uma faculdade de jornalismo em uma cidade mediana , medíocre ( ao pé da letra) infestada de tanta gente mediana e medíocre (no sentido usual da palavra), algumas se misturam e se confundem em meio até mesmo aos professores... xurumelas e mais xurumelas... Eu falo daqui e você engole daí. Ninguém questiona, ninguém argumenta. xurumelas e algumas coisas fazem sentido. Eu falo mais e todo mundo preocupado em passar para o próximo semestre. Uau... elas querem aparecer na televisão, idealizam a Fátima Bernardes e nem se quer leram a bibliografia de Roberto Marinho por Pedro Bial, o boçal... Aquele professor que fala fervorosamente de Nietzsche, Platão e Adorno veste preto e canta as ninfetas do primeiro período. A vaidade daquele que é repórter na "emissora mãe" tenta dizer palavras bonitas sobre nada. Aquele que algum dia atuou na área e que vagamente lembra do termo "acadêmico" solicita a profunda análise de Capricho ( a revista) na disciplina de Imprensa Feminina."Poxa, quero estagiar nos veículos de comunicação da cidade, mas almejo algo muito mais grandioso que isso. Não vou ficar nesta cidade" .. então meu caro volte para o sertão...Pois é entre tantos jovens alienados e velhos professores cansados, que penso em parafrasear o genial Cláudio Abramo quando diz que : "O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter."Paraliara: Ler, absorver, buscar incansavelmente o máximo de informação é o mínimo que se faz para se tornar um cidadão e o óbvio para se tornar um jornalista.