quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Da cor Anil



Que diferença faz se meu all star é cor de rosa, se meus olhos azuis, meu cabelo cor de uva e na boca azul anil?
É pra ignorar.
Qual a sua importância no meu vasto mundo imbecil? Resposta: Coitada! Agente não gosta dela. Ela já não faz parte das fotografias mexidas em photoshop tiradas “pousadamente” para dizer que você não estava lá. Não foi. Não teve o (des) prazer da nossa companhia.

Coitada de novo!Ela não faz parte, não compartilha é insolente, distraída , ingrata.

E eu digo: Fodam- se .
Há quem diga que minha pele continua a mesma , mas é que agora ando de cabeça baixa. O céu esta mais cinza, mais opaco, mais nublado. O tempo frio que esfria corações apaixonados por sol, remete a melancolia para alguns e ao romantismo para outros. Uns sonham acordados outros dormem pesado.

Paradigmas que não se rompem por preguiça, descaso com a vida com a vontade.
Até eu me perco no meu ego. Me perco entre as minhas confusões, minhas necessidades tolas. Tudo parece estático e preciso nutrir meu coração de fantasias de palhaço, pra que tudo vire festa de novo.

Talvez eu esteja potencializando minhas angustias, deixando de fato que elas tomem conta de mim. Mas é que já não tenho mais aquela visão otimista e divertida da vida. To tímida, como nunca fui antes.

O que não me intimidava antes me apavora agora, o que não me fascinava antes me inebria agora.

Não sou fria, não quero que me culpem por não ser mais a mesma . Mudei. De alguma forma a minha visão da vida é mais poética, mais sóbria . E eu, também posso errar.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ser grato


E se a vida não me dá o que quero ou desejo, ainda sim agradeço por tudo o que tenho!!
Não porque meu amor ainda não veio,
Não porque não tenho todo o dinheiro,
Não porque as dificuldades e as decepções me aparecem.

Não por motivos tão tolos. Se não tenho, é porque ainda não é tempo.
Tempo este que voa como vento, que passa como uma brisa e logo cessa;
Não sei ao certo o que Deus me reserva, mas sou grata pelas alegrias, pelas decepções, pelos desgastes, pela recompensa, por tudo.
Nutrir a alma de otimismo as vezes me parece tolice. Algumas coisas e algumas pessoas insistem em me convencer que só estou me enganando e que a realidade é bem diferente.
Se sonho demais,
Se padeço demais?
Talvez!
O que sei é que assim sou feliz, que assim me faço feliz, que assim pareço feliz!!

Tenho muitas perguntas e poucas respostas.
Dúvidas sobre a vida, sobre os sonhos , sobre os mundos, sobre as pessoas.
Sinto medo constantemente de ser boa demais, boba demais e que de alguma maneira pareço ser.
É difícil acreditar nas pessoas, nos sentimentos , nas intenções.
É difícil suportar distância, falta de sensibilidade, maldade.
É muito difícil pra mim.
Mas eu acredito, eu confio, eu me empresto.
Por que assim vejo que além de mim existe o todo e que estar para o todo mesmo que este não me devolva o mesmo é gratificante.

A ingratidão fere mais que qualquer coisa, e este é meu maior medo, ser ingrata ao que a vida me proporciona, por mais tolo que isto pareça.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

É isto mesmo companheiros ( Ao Blog Day)



“Faça o que eu digo, mas não faça o que faço”, medíocre pensar que o exemplo se faz na palavra e não na atitude. Um comportamento defensivo e pequeno que não cabe na sinceridade e no caráter , mas que se repete com freqüência .

Não identifico realmente um motivo para isto, mas vejo como uma necessidade do ego de não admitir erros e deslizes. Talvez uma forma de justificar as virtudes não praticadas criticando, censurando e aconselhando o outro a não fazer o que ele próprio faz.
Que dificuldade é esta de admitir erros e assumi-los com personalidade? Porque não mudar ao invés de persistir com a hipocrisia???

Pergunta que não cala para uma classe em especial: a da política brasileira.
É difícil demais para egos inchados e petulantes. Para eles não se erra, disfarça.
Esconde, acovarda para então na primeira oportunidade, dar o falso exemplo.
Assim é a atitude de nossos governantes, que nos subestimam e usam da memória infelizmente curta do brasileiro ao que se refere a política, para se deleitar no exercício corrupto e transgressor da administração de nosso país.
A nossa democracia lamentavelmente veste uma máscara chamada hipocrisia.
E a fantasia de palhaço sempre sobra para a desmemoriada família brasileira.


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Para tardes de chuva

Sutileza. Esta é a definição para o filme “A Good Year” baseado no livro de Piter Mayle, produzido e dirigido por Ridley Scott o ousado diretor de “O Gladiador”. Aos amantes do vinho, da França e de uma bela fotografia em filmes, “Um Bom Ano” é um prato cheio.
Max Skinner , interpretado por Russell Crowe é um executivo da bolsa de valores de Londres. Bem sucedido e embriagado pelo sucesso nos negócios se esquece de sua infância e seus valores essenciais.

Quando se vê na ocasião de voltar a terra onde nasceu e cresceu com a intenção de repassar a vinícola que herdou de seu tio é que se inicia uma sucessão de momentos nostálgicos e de contemplação à beleza da vida.

O cenário é bucólico e rústico, mas de extremo bom gosto. Um belíssimo vinhedo em Provença na França, próximo a uma cidadezinha charmosa e personagens tipicamente europeus.
Tomado por suas lembranças, Max vive um gostoso romance com seu passado e com a bela francesa Fanny Chenal, dona de um restaurante da pequena cidade.
O filme envolve entre outros detalhes saborosos, a arte da degustação do vinho, a riqueza de diálogos presenteados por um excelente roteiro e o leve humor inteligente e ácido do personagem de Crowe.

A trilha sonora assinada por Marc Streitenfeld, é deliciosa e passeia por peculiares músicas francesas e hits dos anos 50.
Uma história para assistir a dois, numa tarde chuvosa de sábado regada a vinho tinto seco fazendo acender a vontade de uma bela viagem à França.
Então, Bon Appetit.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

O lado B de Alex

Sim, pode parecer absurdo, mas creio que não sou a única a perceber o "lado B" de Alex, o destrutivo e pervertido personagem do genial filme de Stanley Kubrick, Laranja Mecânica de 1971. Num roteiro único cheio de linguagem própria, o filme explora um tema absolutamente contemporâneo. “A Clockwork Orange” surpreende e choca seus espectadores até hoje.

Completamente ignorado pela mãe, o personagem interpretado por Malcolm MecDowell vive uma vida desenfreada junto a sua gangue. Delinqüentes que matam, roubam e estupram.
Num futuro psicodélico e sombrio, “Alexander the Large", vive uma rotina de violência, sexo e caos em Londres, usando uma linguagem própria misturando inglês, russo e gírias criadas pelo bando. Ao ser preso em uma de suas ações absurdas junto a sua gangue, Alex é submetido a testes com drogas, numa tentativa de dominar seus instintos subversivos. E é nesta circunstância que este incrível personagem bizarro se mostra absolutamente astuto e inteligente, contrapondo sua personalidade desfalcada e doentia revelada no começo do filme.
Surge então o que chamo de: primeira vontade de empatia com o personagem. A forma como Alex consegue lidar com o tratamento é que mostra seu lado B, e automaticamente ameniza a primeira impressão, despertando uma confusão de conceitos sobre esta figura intrigante. O fato é que ele não deixa de ser um pervertido e agressivo. Seus instintos dominantes são apenas controlados com o tratamento, que diga- se de passagem, tão hostil e violento quanto o próprio De large.
As seções de tortura e as reações que tais causam no personagem despertam a segunda vontade de empatia. Privado de maneira brutal de seus impulsos violentos, Alex perde também seu livre arbítrio.
Em suma, o que se constata da personalidade de Alex e que traz consigo esta parte cativante, é que esta figura não passa de um ser humano descartado pela sociedade, por isso a falta de limites, não é um louco, como parece ser e pelo contrário, é um cara dotado de grande inteligência mas que canaliza sua habilidade de pensar em gestos agressivos e atos violentos.
O lado B deste incrível e complexo personagem, é tão admirável, que nos causa medo, um paradoxo atual abordado em tempos escusos que é no mínimo, genial.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ele é triste


É que ele não vê, ele não sente, ele perdeu o tato.
Nunca enxergou pela janela da alma, sempre viu em preto e branco.
Hoje esboça a felicidade, numa destorcida paisagem bucólica.
É equivocado, nutre seu ego com migalhas sentimentais, também equivocadas.
Deixa-se influenciar, se perde no breu, não ilumina o próprio coração.
Vazio, oco, eco..

Triste, perdido e sem viço, consegue no máximo um sorriso canto de boca, amarelo, sem graça.
Parece não acreditar mais na beleza da vida, perdeu a fé nas pessoas. Na verdade; nas boas pessoas.

Talvez equivocada seja eu, de nutrir naturalmente o que há de bom em “ser” humano. Em desejar que todos também o sejam e acreditar em tal. Ingênua, não estou machucada pela vida.
Me curei dos arranhões que tive até aqui. Escolhi meus caminhos e não me arrependo deles.
Não tenho realmente a história que ele tem, eu escrevo a minha a lápis, ele a caneta que é mais difícil de corrigir. Procuro de fato me relacionar com boas pessoas, de sorriso farto como o meu. Ele é só, muito só, perdeu o dom de se relacionar.
Não sabe se expressar, não sente o doce que a palavra tem, prefere o amargo que ela pode se tornar.

Se desidratou como uma laranja para enfeite em arranjos tristes , somente de perto identifica-se que um dia foi laranja, com casca ríspida, mas doce e cheia de frutos por dentro.
Perdeu, se perdeu, me perdeu.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Por Clarice Lispector enviado por "Grande Schwartz"

Recebi de um grande amigo este genioso trecho de um livro de Clarice Lispector, traduzindo de forma singular minha indagação no texto "Ao pé da letra"


Eu tenho à medida que designo - e este é o esplendor de se ter uma linguagem. Mas eu tenho muito mais à medida que não consigo designar. A realidade é a matéria-prima, a linguagem é o modo como vou buscá-la - e como não acho. Mas é do buscar e não achar que nasce o que eu não conhecia, e que instantaneamente reconheço. A linguagem é o meu esforço humano. Por destino tenho que ir buscar e por destino volto com as mãos vazias. Mas - volto com o indizível. O indizível só me poderá ser dado através do fracasso de minha linguagem. Só quando falha a construção, é que obtenho o que ela não conseguiu.

"A Paixão Segundo GH" - Clarice Lispector (1968)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Um cadim de cada um


Mistura. Um traço de um, a mania do outro. Aquela expressão que sua mãe faz quando esta de TPM e que você odeia, foi exatamente a que você fez ontem (sem estar na TPM) mas que se recusa a admitir porque afinal de contas é irritante demais pra você ter feito.
Seu pai, com toda propriedade do mundo subestima sua inteligência, suas experiências e insiste em dizer que sabe mais que você porque já viveu mais.
Às vezes eles parecem inalcançáveis, e as vezes são tão vulneráveis. Esquecemos que são de carne e osso, possuem suas franquezas, deslizes e principalmente frustrações. Sim,aquelas frustrações que eles insistem em querer superar através de você, fruto de dois, X e Y, saída do ventre dela, o vencedor entre os espermatozóides dele.

Frustrações deles, só deles, que não condizem com sua personalidade, suas escolhas, sua época. Frustrações que você nem se quer sabe por que eles chegaram a ter, herança dos pais talvez, passada de geração a geração.

Não adianta, em algum momento vão dizer que você tem algo dos dois. Quando esta com o pai aos 15 na rua, dizem que você é a cara da mãe, e quando esta com a mãe aos 20 dizem que você tem a personalidade do pai.

No sorriso dele, no carinho dela, nos incansáveis defeitos que achamos, nas admirações que temos esses dois nos completam, transformam no que gostaríamos, ou no que não gostaríamos de ser.


Para Shakespeare, você aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Paraliara: “Bom ou ruim um cadim de cada um está no que você é.”

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Ao pé da letra

Prestando atenção em uma frase na TV ontem, percebi o quanto algumas expressões se analisadas ao pé da letra nos surpreendem. Esta por ser uma expressão usada para fortalecer a suposta imagem de quem é “fiel” aos mandamentos de Deus. A frase era: “Somos uma família unida, temente a Deus”. Temente, de temer; ter medo ou também de temor, respeito. Ai então me veio às tantas conclusões de Nietzsche em “O anticristo”, (em cujo prefácio recomenda-se a não leitura aos religiosos fervorosos ou radicais e a cautela aos que acreditam na existência de Deus).
Pensando, pensando, fui percebendo outras tantas expressões usadas no dia a dia que ao pé da letra destoam da interpretação dada devido a vasta possibilidade que a língua portuguesa permite em tal interpretação: “Rogai por nós” ( assim os religiosos pedem a Deus) e “Vou te rogar uma praga”( desejar mal a alguém); excomungar, de separar, expulsar da comunhão da igreja (a um ateu isto não é ofensa alguma), “pois não” forma de receptividade negativa, entre tantas outras expressões que como disse um amigo meu recebem uma “licença lingüística”.


Num bate papo, constatamos que toda esta problemática é uma via de mão dupla: o que se quer dizer, e o que se entende, o que supõem dizer, o que supõem entender...
E o que me instigou nisto tudo?! Bem, exatamente aqueles que supõem dizer. Não saber todas as vertentes e possibilidades de interpretação de uma frase proferida é causa muitas vezes de desentendimentos, incompreensões, equívocos e principalmente contradições.
Se eu perguntar a quem diz que teme a Deus se ele tem medo de Deus, provavelmente vai negar e se contradizer. E é nesta infinitude de licenças lingüísticas, nas contradições e equívocos é que penso então em parafrasear o provérbio chinês que diz: “Temos UMA boca e DOIS ouvidos, mas nunca nos comportamos proporcionalmente.”
Paraliara: Cuidado, quem muito fala dá bom dia a cavalo!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

"Para Frasear"


Escrevi não li, procurei achei...
Fico pensando em algumas coisas óbvias, que de tão óbvias acabam quase que subestimando a lógica.Me pergunto todo tempo se as pessoas estão de fato atentas ao que dizem, ao que escrevem, até mesmo ao que pensam. Falta identidade, opinião, vocabulário.Observo que num abismo sem fim escondem seus medos, seus defeitos, suas fraquezas, sua ignorância. O achismo, a petulância, a prepotência. Dentro de alguns metros quadrados de uma faculdade de jornalismo em uma cidade mediana , medíocre ( ao pé da letra) infestada de tanta gente mediana e medíocre (no sentido usual da palavra), algumas se misturam e se confundem em meio até mesmo aos professores... xurumelas e mais xurumelas... Eu falo daqui e você engole daí. Ninguém questiona, ninguém argumenta. xurumelas e algumas coisas fazem sentido. Eu falo mais e todo mundo preocupado em passar para o próximo semestre. Uau... elas querem aparecer na televisão, idealizam a Fátima Bernardes e nem se quer leram a bibliografia de Roberto Marinho por Pedro Bial, o boçal... Aquele professor que fala fervorosamente de Nietzsche, Platão e Adorno veste preto e canta as ninfetas do primeiro período. A vaidade daquele que é repórter na "emissora mãe" tenta dizer palavras bonitas sobre nada. Aquele que algum dia atuou na área e que vagamente lembra do termo "acadêmico" solicita a profunda análise de Capricho ( a revista) na disciplina de Imprensa Feminina."Poxa, quero estagiar nos veículos de comunicação da cidade, mas almejo algo muito mais grandioso que isso. Não vou ficar nesta cidade" .. então meu caro volte para o sertão...Pois é entre tantos jovens alienados e velhos professores cansados, que penso em parafrasear o genial Cláudio Abramo quando diz que : "O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter."Paraliara: Ler, absorver, buscar incansavelmente o máximo de informação é o mínimo que se faz para se tornar um cidadão e o óbvio para se tornar um jornalista.