segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Por Clarice Lispector enviado por "Grande Schwartz"

Recebi de um grande amigo este genioso trecho de um livro de Clarice Lispector, traduzindo de forma singular minha indagação no texto "Ao pé da letra"


Eu tenho à medida que designo - e este é o esplendor de se ter uma linguagem. Mas eu tenho muito mais à medida que não consigo designar. A realidade é a matéria-prima, a linguagem é o modo como vou buscá-la - e como não acho. Mas é do buscar e não achar que nasce o que eu não conhecia, e que instantaneamente reconheço. A linguagem é o meu esforço humano. Por destino tenho que ir buscar e por destino volto com as mãos vazias. Mas - volto com o indizível. O indizível só me poderá ser dado através do fracasso de minha linguagem. Só quando falha a construção, é que obtenho o que ela não conseguiu.

"A Paixão Segundo GH" - Clarice Lispector (1968)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Um cadim de cada um


Mistura. Um traço de um, a mania do outro. Aquela expressão que sua mãe faz quando esta de TPM e que você odeia, foi exatamente a que você fez ontem (sem estar na TPM) mas que se recusa a admitir porque afinal de contas é irritante demais pra você ter feito.
Seu pai, com toda propriedade do mundo subestima sua inteligência, suas experiências e insiste em dizer que sabe mais que você porque já viveu mais.
Às vezes eles parecem inalcançáveis, e as vezes são tão vulneráveis. Esquecemos que são de carne e osso, possuem suas franquezas, deslizes e principalmente frustrações. Sim,aquelas frustrações que eles insistem em querer superar através de você, fruto de dois, X e Y, saída do ventre dela, o vencedor entre os espermatozóides dele.

Frustrações deles, só deles, que não condizem com sua personalidade, suas escolhas, sua época. Frustrações que você nem se quer sabe por que eles chegaram a ter, herança dos pais talvez, passada de geração a geração.

Não adianta, em algum momento vão dizer que você tem algo dos dois. Quando esta com o pai aos 15 na rua, dizem que você é a cara da mãe, e quando esta com a mãe aos 20 dizem que você tem a personalidade do pai.

No sorriso dele, no carinho dela, nos incansáveis defeitos que achamos, nas admirações que temos esses dois nos completam, transformam no que gostaríamos, ou no que não gostaríamos de ser.


Para Shakespeare, você aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Paraliara: “Bom ou ruim um cadim de cada um está no que você é.”