quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Para Menino Fernando

Esta noite jantei com o silêncio
Tenho mantido durante a semana, diálogos constantes com as palavras distância e saudade
Elas também jantam comigo..
Ocupam a mesa mesmo sem serem convidadas.. não tenho escolhas, são elas que me fazem companhia agora

Estou aprendendo a conviver com o silêncio que me consome quando a noite chega e nao tenho voce por perto, com a saudade que me persegue antes de dormir e com a distância que não me deixa recorrer ao seu amor, quando é quase sufocante ficar sem você..

Aprendendoa conviver. Mas jamais a me acostumar!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Eu Ribalta


Foi aí então que escolhi ficar atrás da coxia

Vendo as cores fortes daquela elaborada iluminação perder a força atrás do pano preto e do cenário

Não quis perder quilos ao transpirar

Recusei protagonizar

Estrear

Ouvir um sonoro “Merda” antes das três batidas de Stanislavski

Não tolerei a sensibilidade que eu mesma exigia de mim para dar vida a eles

Não os escutei me chamando de louca

Fugi de cada personagem

Concentrei no ruído, na interferência. Peguei carona com o previsível

Me aproximei do óbvio, flertei com a rotina e me casei com o acaso

Tivemos filhos. Vários!

Que saudade daquele tempo em que o palco era o meu lar, os aplausos meu alimento, os personagens meus amigos, o espetáculo minha vida!

Eu fui atriz!

Mas nunca tanto como agora

Presa a este devaneio, sinto saudade corrosiva daquilo tudo que um dia pude ser

Hoje seguro o figurino com cheiro de guardado

Me despi de mim e nem mais na coxia tolero estar

Sou hoje tudo aquilo que nunca idealizei

Eu sou só. Medo da Ribalta.